FILHA, Maria de Lourdes Marques 1
SANTOS, Sandra Morais Ribeiro dos2
RESUMO
Este trabalho aborda as bem-aventuranças de Sermão da Montanha. Considerando tal problemática de como elas podem influenciar na vida de outras pessoas, foram levantadas questões que se fazem necessárias ao trazer uma infinidade de lições a serem levadas no decorrer de toda a vida, trazendo a reflexão de que enfrentaremos desafios e problemas que vão nos testar, pois ao lamentarmos nossas perdas ou provações, recebemos a promessa de que seremos abençoados se perseverarmos. Objetiva-se analisar como ocorreu o Sermão da Montanha e destacar duas de suas famosas bem-aventuranças, mostrando as lições de conduta e moral, ditando os princípios que normatizam e orientam a vida cristã. Para tanto, procede-se a pesquisa com base em livros e artigos através da abordagem qualitativa, embasados no tema as Bem-Aventuranças de Sermão do Monte, buscando levantamentos por meio de base de dados: Scielo, Google Acadêmico e CAPES, usando como técnica de obtenção de informações as pesquisas bibliográficas e coleta de dados através de livros físicos e artigos, aprofundando a teoria dos fatos. Autores como: Earnhart (1997), Spurgeon (2014), Lloyd-Jones (1984), Bíblia (1992), Rohden (2003) e White (2008) também foram utilizados. Desse modo, observa-se que os resultados foram favoráveis de acordo com o esperado, o que permite concluir e entender de uma forma geral o que foi o Sermão do Monte e quais os ensinamentos dele para a atualidade.
Palavras-chave: Teologia. Sermão da Montanha. Religião. Humildade.
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Introdução
O Sermão da Montanha, proferido por Jesus Cristo há mais de dois mil anos, é um dos discursos mais importantes e influentes na história. Localizado nos Evangelhos de Mateus (5-7) e Lucas (6), onde Jesus sobe em uma montanha, na região da Galileia, juntamente de uma multidão de discípulos, que eram os seus seguidores mais próximos, naquele momento em diante Ele começou a ensinar aquela multidão uma série de questões espirituais, morais e éticas. Ele usou as Bem-Aventuranças como um ponto de partida, descrevendo as características e atitudes abençoadas por Deus.
Este discurso aborda uma ampla gama de questões morais e espirituais, oferecendo maneiras para uma vida ética e um relacionamento profundo com Deus. Os ensinamentos contidos no Sermão da Montanha vão além das barreiras culturais e religiosas, moldando a ética e a espiritualidade de várias tradições ao longo dos séculos.
Este projeto de artigo científico visa aprofundar a compreensão do Sermão da Montanha, seus ensinamentos e valores repassados a humanidade, tais como humildade, compaixão, justiça e pureza de coração como virtudes a serem buscadas. Elas inspiram as pessoas a se esforçarem para viver uma vida melhor e organizada, de acordo com os princípios ensinados por Jesus.
O Sermão da Montanha nos traz uma infinidade de lições para serem levadas no decorrer de toda a vida, trazendo a reflexão de que enfrentaremos desafios e problemas que vão nos testar, mas ao lamentar nossas perdas ou provações, recebemos a promessa de que seremos abençoados se perseverarmos. Deus enviará seu Espírito Santo para nos consolar em momentos de necessidade e com isso também aprendemos. Ele já enviou o consolador.
Das bem-aventuranças citadas no artigo, uma aborda a humildade de espírito, nos convida a abandonar o orgulho e a prepotência, abrindo-nos para a compaixão, a misericórdia e a busca pela justiça. A outra confirma a dor e promete consolação, nos mostra a nossa vulnerabilidade e nossa capacidade de ser feliz em dias melhores, nos incentivando a praticar a empatia e a compaixão, tanto em relação a nós mesmos quanto aos outros.
O objetivo central deste estudo é analisar como ocorreu o Sermão da Montanha, tendo por base o Reino de Deus contido nas Bem-Aventuranças e proferido por Jesus de Nazaré, mostrando as lições de conduta e moral, ditando os princípios que normatizam e orientam a vida cristã, como também, entender duas, de suas oito bem-aventuranças, como seu impacto duradouro para a atual sociedade.
Por meio de uma análise contextualizada das palavras de Jesus, destacamos a relevância contínua desses ensinamentos em questões morais e sociais complexas enfrentadas pela sociedade atual. Além disso, buscamos compreender como os princípios do Sermão da Montanha podem ser aplicados na vida das pessoas e para resolver dilemas atuais, promovendo valores como amor, justiça, compaixão e paz.
Este projeto busca contribuir para uma discussão mais ampla sobre a importância do Sermão da Montanha como uma fonte de orientação espiritual e ética para indivíduos e comunidades em um mundo cada vez mais complexo e diversificado.
Gil (2002, p. 44) destaca que a pesquisa de revisão bibliográfica é “desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos”, ou seja, fontes secundárias e terciárias.
A pesquisa será desenvolvida com base em livros e artigos através da abordagem qualitativa, embasados no tema as Bem-Aventuranças de Sermão do Monte, tendo como objetivo compreender de que forma as Bem-Aventuranças pregadas no Mar da Galileia, aos pés do Monte das Beatitudes pôde influenciar na vida de todo o povo da época e na atualidade.
Na abordagem qualitativa, há diversos métodos que garantem ao leitor uma aproximação do contexto social, partindo da abordagem de seu objeto de estudo. Entre esses métodos, está a pesquisa documental, sendo aquela na qual aborda a realidade por meio dos inúmeros livros e artigos produzidos pelas pessoas.
De acordo com Bravo (2008, p.16);
a noção de documento abarca tudo aquilo que é criado pelo ser humano e que se constitui como indício de sua ação no mundo. Desse modo, o documento, social e historicamente contextualizado, revela ideias, valores e modos de agir e de viver próprios daquele período e daquela sociedade em que se insere. (BRAVO, 2008, p.16)
Cellard (2008, p.295) ainda ressalta que o documento se torna uma preciosa fonte para um investigador, pois dá testemunho de como o ser humano configurou uma realidade dada.
Ao todo, Jesus proferiu oito bem-aventuranças naquela montanha, neste projeto buscamos focar em duas, as quais são mais famosas, tais como “Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus” Mt (5:3) e “Bem-aventurados os que choram, pois serão consolados” Mt (5:4), todas as bem-aventuranças de Jesus são lindas e tem profundo significado e muito a agregar em nossas vidas, deste modo, as que foram selecionadas para compor o artigo, foram divididas em dois capítulos, sendo integradas a revisão bibliográfica, a parte central deste estudo, o projeto também foi composto por Metodologia e Considerações Finais.
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Metodologia
A pesquisa será desenvolvida com base em livros e artigos através da abordagem qualitativa, embasados no tema as bem-aventuranças de sermão do monte, tendo como objetivo compreender de que forma as bem-aventuranças pregadas no Mar da Galileia, aos pés do Monte das Beatitudes pôde influenciar na vida de todo o povo da época e na atualidade.
Este estudo buscou levantamentos por meio de base de dados: Scielo, Google Acadêmico e CAPES, além de livros físicos, usando como técnica de obtenção de informações as pesquisas bibliográficas e coleta de dados através de livros físicos e artigos, aprofundando a teoria dos fatos.
A pesquisa bibliográfica é importante para a fundamentação teórica, sendo essencial para a construção, dessa forma foram utilizados autores como: Earnhart (1997), Spurgeon (2014), Lloyd-Jones (1984), Bíblia (1992), Rohden (2003) e White (2008), além de outros nomes que serão levantados no decorrer do artigo.
3. Revisão bibliográfica
“Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus” Mt (5:3)
O Sermão da Montanha (Mt 5:1–7:29) é um trecho das Escrituras Sagradas, escrito pelo Apóstolo Mateus, onde Jesus Cristo se dirige a uma grande multidão, de forma direta e com a intenção de realizar uma exposição de ideias por meio de argumentos e com exemplificação de fatos. Esses discursos foram tão válidos que servem de incentivo para muitas pessoas nos dias de hoje.
Quando Jesus viu aquela multidão, logo subiu a Montanha, que fica à beira do Mar da Galileia, aos pés do Monte das Beatitudes, e também chamado de Monte das Bem-Aventuranças, um lugar escolhido por ele para transmitir os seus ensinamentos ao seu povo, Jesus se senta e seus discípulos aproximam se dele, foi nesse momento então que Ele começou a pregar o seu famoso Sermão ao ar livre, naquele dia Jesus pregou oito bem aventuranças, cada uma com seus significados e ensinamentos, para que pudessem ser seguidos a partir daquele dia.
Para Spurgeon (2014, p.14) “O espaço aberto era compatível com a generosidade de seu coração, e os ventos eram semelhantes ao seu espírito livre, e o mundo ao seu redor estava cheio de símbolos e parábolas, de conformidade com as verdades que ensinava.”
Para o autor aquele era um dia perfeito para que Jesus explanasse o que estava em seu coração, ele tinha uma multidão ao seu lado, o local era propício, até porque era um Monte, um lugar melhor do que qualquer outro. Dessa forma ele ainda complementa que;
Melhor que um corredor largo ou que fileiras de palcos em um salão abarrotado, foi esta grandiosa ladeira da colina como lugar da reunião. Que bom seria se frequentemente pudéssemos ouvir sermões em meio a uma paisagem que inspirasse a alma! Seguramente tanto o pregador como sua audiência se beneficiaram igualmente se trocassem uma casa feita com mãos de homens, pelo templo da natureza feita por Deus. (SPURGEON, 2014, p. 14-15)
Ao se sentar Jesus havia feito diferente de todas as vezes em que ele já havia pregado, com certeza todos os discípulos ficaram surpresos, pois todas as vezes em que Ele pregava ficava de pé por horas, muitos se enganaram imaginando que talvez seria por cansaço, mas na verdade ele mesmo adotou essa postura, até mesmo porque nosso senhor era muito mais que um professor, Ele era um Pregador, um Profeta, um Intercessor, e consequentemente, adotava as posturas em que preferisse.
Para Rohden (2003, p. 7):
O Sermão da Montanha representa o mais violento contraste entre os padrões do homem profano e o ideal do homem iniciado. O homem profano acha absurdo amar os que nos odeiam, fazer bem aos nossos malfeitores, ceder a túnica a quem nos roubou a capa, sofrer mais uma injustiça em vez de revidar a que já recebeu e da perspectiva do homem mental ele tem razão. Mas, a mensagem de Jesus é um convite para o homem se transmentalizar e entrar numa nova dimensão de consciência, inédita e inaudita, paradoxalmente grandiosa (ROHDEN, 2003, p.7).
Dessa forma ele ainda complementa que “O Sermão da Montanha convida o homem a abdicar definitivamente do seu velho ego pecador, despojar-se do ‘homem velho’ e revestir-se do “homem novo” da “nova criatura” em Cristo, feita em verdade, justiça e santidade”. (ROHDEN, 2003, p. 17)
Esses discursos feitos por Jesus Cristo proferem lições de conduta e moral, ditando os princípios que orientam a vida cristã. Esses discursos são considerados como um resumo dos ensinamentos de Jesus a respeito do Reino de Deus, do acesso ao Reino e da transformação que ele produz. Neste trecho em especifico Jesus sugere que todos passem por transformações favoráveis para uma vida melhor, para que deixemos nosso orgulho de lado, pois muitas das vezes somos egoístas e só por não gostarmos de outra pessoa, automaticamente não queremos o bem dela, não conseguimos amar e nem sempre perdoamos também, muitos não procuram exercer o bem a quem tanto nos fez mal, em outras palavras buscam sempre retribuir na mesma moeda, e Jesus ensina em suas Bem-Aventuranças a sermos diferentes, a deixar nosso ego, nosso orgulho de lado e nos tornarmos cidadãos melhores e capazes de perdoar.
John Stott, teólogo e escritor, diz que a essência do Sermão da Montanha foi o apelo de Cristo aos seus seguidores para serem diferentes de todos os demais. “Não sejam iguais a eles”, disse Jesus (Mt 6.8). O reino que Cristo proclamou deve ser uma exibição de todo um conjunto de valores e padrões diferentes. Dessa forma, ele fala de justiça, influência, piedade, confiança e ambição, e conclui com um desafio radical para que se escolha o caminho Dele.
Pode-se notar grandes revelações, pois muitas coisas que às vezes reclamamos por ser ruim, de ser desagradável, diante de Deus é o que leva muitos à verdadeira felicidade, ou seja, diante dele tudo é perfeito. Esta passagem forma um paradoxo, contrariando a ideia de muitos e mais uma vez mostrando que “…Deus não vê como o homem vê, o homem vê a aparência, mas Deus sonda o coração” (I Samuel 16.7).
Earnhart (1997, p.102-103) destaca que:
Os primeiros ouvintes foram tocados pelo extraordinário ar de autoridade do Mestre. Ele era tão diferente dos escribas especuladores deles! Ele não teorizava nem hesitava. Ele não era nem tentativo nem justificativo, mas com calma e segurança lançou o fundamento de um reino celestial. Não era só estilo, mas substância, e havia todas as razões para que ele falasse com autoridade. (EARNHART, 1997, p.102-103)
Naquele dia, os discípulos que ali estavam presentes foram todos impactados com tantas bençãos e tantas aprendizagens, foram os primeiros a saberem do propósito de Jesus e com isso foram edificados, logo após passaram aos outros em que lá não estavam e começaram a evangelizar, repassando tudo o que Jesus havia pregado naquele monte e claro, todos seguiram, aqueles discípulos tinham muito respeito por Jesus e seguiria qualquer outra palavra lançada por ele.
Adentrando ao tema das bem-aventuranças, o trecho “Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus” é uma das Bem-Aventuranças mais impactantes do Sermão da Montanha, proferido por Jesus Cristo, conforme registrado nos Evangelhos de Mateus (5:3). Este versículo nos mostra profundamente a tradição cristã e tem sido objeto de análise e interpretação por consideráveis estudiosos e teólogos ao longo da história. Neste contexto, exploraremos como essa passagem está relacionada ao Sermão da Montanha e como diversas perspectivas acadêmicas a interpretaram ao longo dos séculos.
Para Lloyd-Jones (1984, p.84), O Sermão do Monte, entretanto, diz que se alguém quer ser feliz, aí está o caminho certo. Realmente, somente os bem-aventurados é que são felizes.
Para o autor felizes são aqueles que seguem o caminho de Jesus Cristo, aqueles que sabem, conhecem ou buscam a entender as Bem-Aventuranças, e levam consigo mesmo no coração e para a vida, esse sim tem tudo para atingir a plena felicidade.
Ainda para Lloyd-Jones (1984, p.116) “essa Bem-Aventurança serve de teste para analisarmos a alma de cada um de nós, não somente quando aquilatamos a nós mesmos, mas sobretudo ao considerarmos a mensagem inteira do Sermão do Monte.
Essa bem-aventurança tem como princípio a humildade de espírito e serve como base essencial para o conjunto de ensinamentos morais e espirituais apresentados por Jesus naquela Montanha. Para Jesus ser pobre em espírito e ser humilde é ensinável, Jesus quer sempre que reconheçamos humildemente nossa necessidade Dele (Mt 5:3). Alguns estudiosos observaram que a humildade de espírito é vista como uma atitude fundamental que abre as portas para uma relação mais profunda com Deus e para a compreensão dos outros princípios éticos apresentados e ensinados no discurso, tais como a misericórdia, a paz e a busca pela justiça.
Agostinho, um dos mais influentes teólogos cristãos da antiguidade, dizia que a humildade é uma virtude essencial para o crescimento espiritual. Em suas obras, Agostinho argumentava que a humildade de espírito era o ponto de partida para que os indivíduos registrassem sua dependência de Deus e, assim, alcançassem uma maior proximidade com Ele. Ele escreveu: “A humildade é a base de todas as outras virtudes, portanto, em uma visão verdadeira e profunda de Deus, é a mais profunda de todas as virtudes.”
Atualmente, a interpretação das Bem-Aventuranças, incluindo “Bem-aventurados os humildes de espírito”, continua a ser objeto de estudo e reflexão teológica, elas são frequentemente consideradas como princípios que podem guiar não apenas a vida espiritual, mas também as escolhas pessoais de cada um na sociedade, promovendo em conjunto a empatia, a compaixão e a busca por trilhar no bom caminho.
Ao finalizar o Sermão da Montanha (Mt 5:1-7: 29), Jesus afirma que é necessário cumprir essas Leis, pois essas fazem parte da vontade de Deus e aponta duas formas de exercê-las: escutar e praticar, construir suas referências na rocha (Mt 7: 24), com firmeza e determinação e a outra é ouvir e não cumprir, edificando sua casa na areia, de forma flexível e móvel (Mt 7: 26).
Ainda no Sermão da Montanha, Jesus aponta que todos os seres humanos são chamados a adentrar no Reino de Deus, mas para isso, é necessário educar os pensamentos, os sentimentos e as atitudes e que esta postura é uma decisão pessoal e intransferível e que exige controlar os desejos, impulsos, limites, frustrações, paciência, amorosidade e, sobretudo, fazer a Vontade de Deus, conforme escrito nesta passagem: “Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, espaçoso, o caminho que conduz a perdição, e muitos são os que entram por ela. (Mt 7:13).
Para White (2008) o Sermão da Montanha é considerado o maior discurso de Jesus:
O Sermão da Montanha é a bênção que o Céu confere ao mundo — uma voz vinda do trono de Deus. Foi dado à humanidade para lhe ser como que a lei do dever e a luz dos Céus, sua esperança e consolo no desânimo, à alegria e conforto em todas as vicissitudes da vida. (WHITE, 2008, p. 9).
A conclusão que podemos tirar dessa passagem, é que essa Bem-Aventurança desempenha um papel central no Sermão da Montanha, sendo amplamente discutido ao longo da história, no qual aqueles que cultivam a humildade de espírito e não se exaltam acima dos outros, serão abençoados, pois entendemos que a humildade é vista como uma virtude que abre as portas para uma conexão mais profunda com o Senhor e uma vida espiritual enriquecedora, pois ao reconhecermos nossas próprias limitações e imperfeições, podemos ser mais compassivos e compreensivos com os outros, promovendo a harmonia e paz em nossa comunidade e no mundo em geral. Além disso, buscar a humildade espiritual nos leva a uma jornada de autodescoberta e crescimento interior, pois permite que nós vivamos de acordo com os princípios da fé e da moral que valorizamos. Essa passagem nos lembra da importância de cultivar a humildade em nossas vidas, tanto espirituais quanto nas vivências do dia a dia.
“Bem-aventurados os que choram, pois serão consolados”. Mt (5:4)
A segunda Bem-Aventurança do Sermão da Montanha, “Bem-aventurados os que choram, pois serão consolados” (Mateus 5:4), apresenta uma perspectiva ampla sobre o sofrimento e a consolação. Essa Bem-Aventurança nos diz que enfrentaremos problemas e desafios que irão nos testar, mas que ao lamentarmos nossas perdas e provações, recebemos a promessa de que seremos abençoados se perseverarmos, pois, Deus enviará seu Espírito Santo para nos consolar em momentos de necessidade.
Essa passagem nos ensina que o choro e o sofrimento são partes inerentes à experiência humana. Todos nós, em algum momento de nossas vidas, enfrentaremos perdas, dificuldades, tristezas e desafios. Jesus não nos diz para evitar ou negar essas emoções, mas ele nos prepara para a realidade da vida, do sofrimento, e que todas as lágrimas são válidas, depois seremos consolados. Com isso ele nos ensina que não há vergonha em expressar nossas emoções e que o ato de chorar pode ser uma parte necessária para o processo de cura e crescimento.
Não somos bem-aventurados por apenas chorar, mas porque não escondemos os nossos sentimentos diante de Deus. Este choro, citado na Bíblia, não é um choro de falsidade, de murmuração, mas lágrimas de sofrimento. Há muitas coisas que podem nos fazer chorar, às vezes o choro é inevitável. São nesses momentos que Deus quer estar presente. (BÍBLIA SAGRADA ONLINE, 2023)
Neste trecho é importante levarmos com nós mesmos o pressuposto de que se estamos tristes, então devemos falar com Deus sobre nossas tristezas, se estamos ansiosos então compartilhamos com Deus o nosso anseio, a verdade é que nossos amigos também podem nos consolar, mas somente Cristo pode ouvir o nosso clamor e acalmar o nosso coração por inteiro, Deus é o único capaz de acalmar nosso coração e fazer com que tenhamos dias melhores, aliás, Cristo é o nosso melhor amigo, aquele que nunca nos abandonaria, nem mesmo diante de nossos pecados.
As lágrimas poderão cair, mas Cristo as enxugará lhe dando entendimento e esperança, assim com0 diz o Salmo 30:5, “Pois a sua ira só dura um instante, mas o seu favor dura a vida toda; o choro pode persistir uma noite, mas de manhã irrompe a alegria”.
Além disso, a promessa de consolação que acompanha aqueles que choram é uma mensagem de esperança. Jesus nos garante que Deus está presente em nossos momentos de tristeza e que Ele nos oferece conforto e consolo. Essa promessa sugere que o sofrimento não é em vão, e que pode servir como uma oportunidade para nos aproximarmos de Deus e experimentarmos sua graça e amor de maneira mais profunda, pois em momentos de fragilidade, sempre recorremos ao nosso Senhor, é nesse momento que tendemos a nos aproximar dele e percebemos que seu amor nos basta.
No contexto espiritual, a passagem também nos mostra a ideia de que arrepender pode nos levar à reconciliação com Deus. Quando registramos nossos pecados e lamentamos nossas falhas, estamos em uma posição de humildade diante de Deus. Nesse estado de espírito, podemos ser perdoados e consolados, encontrando paz espiritual.
Aos pecadores, também há consolo, mas são consolados por Deus com o perdão dos pecados em Cristo, depois do choro vem o consolo, melhor dizendo, a tristeza que é motivada pelo pecado, acompanhada da confissão, é seguida pelo perdão que o Pai concede graciosamente a quem se arrepende, pois nosso Deus odeia o pecado e mais ainda o pecador que não se arrepende. Ele é o Deus perdoador e cheio de graça, conforme diz em Miquéias 7.18-19: “Quem, ò Deus, é semelhante a ti, que perdoas a iniquidade e te esqueces da transgressão do restante da tua herança? O Senhor não retém a sua ira para sempre, porque tem prazer na misericórdia. Tornará a ter compaixão de nós; pisará aos pés as nossas iniquidades e lançará todos os nossos pecados nas profundezas do mar”.
Deus em sua infinita bondade, já nos consola nessa vida, mas será na eternidade que seremos plenamente consolados por ele, ele não guarda magoas nem tampouco rancor, e está sempre pronto para nos perdoar desde que arrependamos pelos nossos erros, pelos nossos pecados.
Portanto, essa bem-aventurança nos incentiva a ter compaixão uns com os outros, ela é uma das falas mais belas que Jesus teve, sem o ensinamento dele, provavelmente não teríamos entendimento para tal aprendizado, para praticar o perdão, de amar o próximo. Ao entender a dor e o sofrimento de outras pessoas, somos mais propensos a ser empáticos e solidários com aqueles que estão fragilizados, dessa forma criamos comunidades mais compassivas e acolhedoras.
Jesus nunca obrigou a ninguém que seguisse o que foi pregado, mas foi claro em relação ao seu pensamento para aqueles que desprezarem o que lhes foi passado, dessa forma ele diz:
Quem ouve estas minhas palavras e as realiza, assemelha-se a um homem sábio que edificou a sua casa sobre rocha; desabaram aguaceiros, transbordaram os rios, sopraram os vendavais e deram de rijo contra essa casa, mas ela não caiu, porque estava construída sobre rocha. Mas quem ouve estas minhas palavras e não as realiza, esse se assemelha a um homem insensato que edificou a sua casa sobre areia; desabaram aguaceiros, transbordaram os rios, sopraram os vendavais e deram de rijo contra essa casa, e ela caiu, e foi grande a sua queda” (Mt 7: 24- 27).
Nessas palavras, de forma clara entendemos, tanto o sábio como o insensato ouvem as palavras do grande Mestre, sempre haverá um que a realiza e outro que não faz força para realizar, o grande segredo não está em apenas ouvir, mas também realizar, o que resolve não é ouvir, é realizar, colocar em prática, esses são os princípios de um bom filho.
Rohden, (2003, p.126-127) ainda complementa que:
Ele, Jesus, realizou e praticou os ensinamentos que recebera diretamente de Deus, ensinamentos estes que não se embasavam em nenhuma teoria humana, pelas características de sua natureza metafísico-espiritual, e os atos por ele realizados, e os resultados que se observaram nos seres humanos que foram curados, abençoados, orientados por Jesus revelaram a mais perfeita condição de bem estar espiritual e físico que um ser humano poderia ofertar a outro ser humano ou à humanidade que esteve presente com Ele, em seu tempo ou mesmo depois deste tempo, avançando por séculos à sua frente. (ROHDEN, 2003, p.126-127)
Pode-se concluir que essa Bem-Aventurança, tem sido objeto de reflexão profunda ao longo dos anos. Ela aborda a natureza do sofrimento humano e oferece a promessa de consolação e esperança, nos convida a abraçar nossa humanidade, a praticar a empatia, o bem, sermos companheiros uns dos outros e a buscarmos uma saída mesmo em meio às dificuldades. Dessa forma, com todas as Bem-Aventuranças ditadas por Jesus, fica fácil seguir e nos tornarmos pessoas melhores, isso só depende de nós e precisamos melhorar um dia após o outro, como também evangelizar, levar a palavra de Cristo a diante e ensinar aqueles que ainda não conhecem, lutando por um mundo melhor.
4. Considerações finais
Ao longo deste projeto, exploramos o poderoso discurso do Sermão da Montanha, uma das passagens mais icônicas do evangelho, que continua a exercer uma influência rigorosa e significativa em questões morais, espirituais e éticas na vida das pessoas. Este artigo explorou duas das Bem-Aventuranças proferidas por Jesus durante o discurso, “Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus” e “Bem-aventurados os que choram, pois serão consolados”. Gostaria aqui, de discorrer sobre as outras seis discursadas por Jesus Cristo, mas aqui indico para que possam ler e aprofundar sobre o contexto de cada uma, busquem mais sobre a história do Sermão na Montanha e façam outras pesquisas direcionadas ao tema, com certeza serão edificados com tamanha palavra divina, vale apena conhecer e se disponibilizar a aprender os ensinamentos de Jesus.
O presente artigo procurou fazer breves considerações sobre o tema, uma explicação breve de como ocorreu o Sermão da Montanha a partir de um conceito geral no início da primeira bem-aventurança, iniciando a conceituação específica a partir dela.
No intuito de analisar os resultados e objetivos da pesquisa, foi possível concluir e entender de uma forma geral o que foi o Sermão do Monte e quais os ensinamentos dele para a vida atual, com isso pôde-se analisar o quanto Jesus se preocupou com a humanidade e com o equilíbrio de todas as coisas, de forma clara ele cria essas passagens e de forma mais clara ainda conseguimos compreender qual era o seu intuito, o de fazer com que tornássemos pessoas melhores e vivêssemos em uma sociedade mais justa, igualitária e parceira uns com os outros, isso fica explicito não só nas Bem-Aventuranças escolhidas mas também em todas as outras, citadas sobre o monte.
Ao longo desta análise, ficou evidente que essas Bem-Aventuranças são mais do que meras palavras, elas são como um guia para a compreensão e entendimento profundo do que Jesus procurou ensinar, aliás ele sabia o poder se suas palavras e que ela teria alcance, capaz de predominar o mundo.
A primeira Bem-Aventurança, que elogia a humildade de espírito, nos lembra da importância de considerar nossa dependência de algo maior de que nós mesmos. Ela nos convida a abandonar o orgulho e a prepotência, abrindo-nos para a compaixão, a misericórdia e a busca pela justiça. A promessa de que os humildes herdarão o Reino dos Céus nos incita a buscar uma conexão mais profunda com o divino e a compreender que a verdadeira grandeza está na simplicidade e na humildade.
A segunda Bem-Aventurança, que confirma a dor e promete consolação, nos mostra a nossa vulnerabilidade e nossa capacidade de ser feliz em dias melhores. Com isso aprendemos que chorar não é um sinal de fraqueza, mas uma expressão usada para mostrarmos que não estamos bem com algo, que estamos mal. Ela nos incentiva a praticar a empatia e a compaixão, tanto em relação a nós mesmos quanto aos outros. Além disso, ela nos lembra que, mesmo nas horas mais sombrias, há uma promessa de consolo e esperança, uma luz que sempre brilha nas trevas.
Em um mundo repleto de desafios e incertezas, as Bem-Aventuranças do Sermão da Montanha têm o potencial de guiar as pessoas na direção de uma vida mais significativa e ética. Elas oferecem princípios universais que transcendem fronteiras culturais e religiosas, promovendo valores essenciais como humildade, compaixão, empatia e busca por significado. Ao refletir sobre essas Bem-Aventuranças, somos lembrados da importância de viver uma vida autêntica, de respeito pelo sofrimento alheio e de buscar consolo e esperança mesmo nas situações mais desafiadoras. Ao mesmo tempo nos perguntamos, será que vivemos e praticamos o discurso de Sermão da Montanha conforme Jesus desejaria? Será que tudo o que aprendemos, chegamos a praticar? É onde precisamos refletir, e se não vivemos dessa maneira, que busquemos colocar em prática seus ensinamentos.
Em última análise, as bem-aventuranças do Sermão da Montanha permaneceram como um farol de luz e orientação para aqueles que buscam uma vida enriquecida pelo significado espiritual e pela prática da humildade, da justiça e da compaixão. Elas nos convidam a trilhar um caminho de humildade e empatia, lembrando-nos de que, em nossa busca por entendimento e consolo, encontramos não apenas as palavras de Jesus, mas também um profundo sentido de propósito e conexão com algo maior que transcende as situações da vida cotidiana.
Referências
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GIL, Antônio, Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. São Paulo: Atlas, 2002.
LLOYD-JONES, D. M. Estudos no Sermão Do Monte. 1° edição, Ed. Fiel, São José dos Campos – SP, ISBN: 978-85-8132-326-8, p. 1-2095, 1984.
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SPURGEON, C. H. As bem-aventuranças: Uma Série de homílias sentenciosas sobre as Bem-Aventuranças do Sermão do Monte. Tradução: César Augusto Vargas Américo. Revisão: Cibele e Armando, janeiro de 2014. Disponível em: https://livros.gospelmais.com.br/files/livro-ebook-as-bem-aventurancas.pdf. Acesso em: 28/06/2023
STOTT, John (1921). A Bíblia toda, o ano todo. [S.ls.n.] ISBN 978-85-7779-017-3.
WHITE, Ellen, G. O Maior Discurso de Cristo. Washington: Ellen G. White Estate, 2008.
1 Graduanda do curso de Bacharelado em Teologia Bíblica Interconfessional do Centro Universitário Internacional Uninter.
2 Doutoranda e Mestre em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Professora do curso de Bacharelado em Teologia Bíblica Interconfessional do Centro Universitário Internacional Uninter.